terça-feira, 30 de setembro de 2008
TORPOR
E te ilumina prá que eu possa vê-la toda
Quando te vejo caminhando pela rua
Dá-me a impressão de que teu corpo flutua
Tua boca me entorpece
Teu olhar me paralisa.
Minha intenção é te fazer a corte
Tocar teu corpo como fez o sol
Beijar-te a boca e tua alucinante língua
No teu olhar paralisar a vida.
Tua boca me entorpece
Teu olhar me paralisa.
autoria: R.Santhana
MILHARAL
O sol amarelou
Os cabelos das bonecas
Que brincavam ao sabor do vento
Que trazia notícias
Daquela cidade distante daqui
Onde se decide a vida e a morte
Do que acontece aqui.
O suor fertilizou
Essa terra onde crescem
As bonecas que ao sabor do vento
Se preparam para alimentar
A cidade distante daqui
Onde se decide a vida e a morte
Do que acontece aqui.
autoria: R.Santhana
TROVEJO
Trovejou na cabeceira do rio
Trovejou na cabeceira do rio
Desse rio que corta as Gerais
Que atravessa o grande sertão
Vai levando pedaços do chão
E as histórias de guerra e de paz
E as histórias de guerra e de paz
E as histórias...
Trovejou na cabeceira do rio
Trovejou na cabeceira do rio
Desse rio que corre pro mar
Que desliza em seu leito pro norte
Agoniza lento devagar
Consumindo venenos e morte
Consumindo venenos e morte
Ruminando venenos...
Trovejou na cabeceira do rio
Trovejou na cabeceira do rio
autoria: R.Santhana
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
TRILHOS

Vai partir
O trem vai partir
Levando você
Prá longe de mim
Solidão
Invade a estação
Enquanto você
Viaja no trem
E o meu coração, o meu coração
Persegue esse trem
E os meus cinco sentidos
Meu sexto sentido
Está nesse trem.
E assim
Passei a viver
A espera do trem
Trazendo você
E o meu coração, o meu coração
Persegue esse trem
E os meus cinco sentidos
Meu sexto sentido
Está nesse trem.
autoria: R.Santhana
terça-feira, 9 de setembro de 2008
CINEMA DE VANGUARDA
Naquele clima de cinema de vanguarda
A se desenrolar no cenário da cidade
Sobretudo, nada fazia sentido
Só seus olhos brilhantes
Só você, só
Caminhamos tanto tempo juntos
Mas a arquitetura da palavra não te decifrava
O mistério que era você não se permitia desvendar
E o caminhar fora tão silencioso
Só seus olhos gritavam
Só, você estava só.
Fomos e voltamos sobre os nossos passos
E aquele roteiro de cinema de vanguarda findava
Sem palavras prá falar, tudo jazia no olhar
Fecho os olhos para ver seu rosto
E os seus olhos brilhantes
Que continuaram sós.
autoria: R.Santhana
TU, HUMANIDADE
Há mais de meio século tu andavas
Inexplicavelmente tu amavas
Com baionetas e fuzis
Com baionetas e fuzis
Mortificando-te assim.
Por onde tu passavas deixavas sinais
Das lutas e conflitos, atos racionais
E um tenebroso rastro de sangue
Tingia o frágil e velho mundo
Mortificando-te assim.
E hoje tu procuras como ser feliz
Atônita não sabes para onde ir
E ainda insistes em amar
Com baionetas e fuzis
Mortificando-te assim.
autoria: R.Santhana
DHARMA
Outro dia tornei a pensar em você
E lembrar dos sonhos que sonhei com você
E eu nunca me realizei com você.
Vez em quando uma dor dilacera meu peito
Não consigo explicar essa coisa direito
Essa dúvida me faz pensar que o jeito
É ficar assim
E deixar tudo acontecer
No compasso do tempo
Do carma consciente
Quem sabe se assim poderemos viver
Nossas vidas com um pouco mais de prazer
Exorcisando os demônios do ser?
E ficar assim
E deixar tudo acontecer
No compasso do tempo
Do carma consciente
autoria: R.Santhana
terça-feira, 2 de setembro de 2008
PSEUDO-PRESERVATIVO
Eu vi uma boneca
Sem coração
Vinha importada do Japão
Para satisfazer as taras
Dos loucos daqui.
Se essa moda pega, o que será da mulher?
Ser trocada por um monte de látex.
Se essa moda pega, o que será do homem
Que se satisfaz com um monte de látex?
Será que por um sexo seguro
Vamos abrir mão do calor humano?
Será que por um sexo seguro
Vamos abrir mão do nosso futuro?
Ontem pela televisão
Eu soube de um boneco
Sem coração
Que virá importado do "sei lá"
Para satisfazer as taras
Das loucas daqui.
Se essa moda pega, o que será de mim?
Ser trocado por um monte de látex.
Se essa moda pega, o que será da mulher,
Que se satisfaz com um monte de látex?
Será que por um sexo seguro
Vamos abrir mão do calor humano?
Será que por um sexo seguro
Vamos abrir mão do nosso futuro?
autoria: R.Santhana
LAS BRUJAS
Seus olhos brilham no escuro
Vermelhos
Carmim nos lábios macios
E as línguas molhadas
Os espelhos não refletem seu poder
E desejamos sem saber porque vocês
Las brujas... las brujas... las brujas...
As suas mãos manipulam
Os cordéis que nos sustentam
Quando nos tocam a pele
Dominando nossos sentidos
Deliramos febris com seu poder
E desejamos mesmo sem saber porquê
Las brujas... las brujas... las brujas...
Pelos espaços urbanos
Ou pelas vias rurais
Por onde quer que passemos
Dependemos do seu poder.
(...)
las brujas... las brujas... las brujas...
autoria: R.Santana